sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O amor é fodido... por nós!

" O que é amar alguém? O que significa? Amar outra pessoa é desejar-lhe o melhor, olhar por ela, tratá-la de forma excepcional, dar-lhe o melhor de nós mesmos. O que inicialmente atrai é a aparência física, a beleza, que logo se torna psicológica e espiritual. Em geral, podemos afirmar que o amor baseado e centrado na beleza física costuma ter um mau prognóstico. Com ele não se chega muito longe; por isso, no enamoramento, o sentimento essencial é «Necessito de ti», «És para mim fundamento de vida», «És o meu projecto». Dito em termos coloquiais: «És a minha vida». Maurice Blondel define assim o amor: «L´amour est par excellence ce qui fait être», «o amor é antes de mais aquilo que faz ser».
O que o homem necessita na vida é amor, amar e ser amado. A felicidade não é possível sem o amor. Amar outra pessoa é querer a sua liberdade, que se aproxime o mais possivel dela, quer dizer, do bem. Essa é a sua grande meta. Ajudar a outra pessoa a transcender-se, ajudá-la a exteriorizar tudo, a que esteja contente e feliz com a sua existência. "


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" ... na relação sexual sem amor autêntico o outro é um objecto de prazer. Não se procura o bem do outro, mas o prazer com ele. Sob nenhum aspecto se pode denominar isto como amor verdadeiro porque utilizamos e instrumentalizamos uma pessoa «querida» para satisfazer o nosso prazer. Neste tipo de relação a pessoa que utiliza o outro é ególatra e só persegue a sua própria satisfação; nunca há um encontro verdadeiro entre um eu e um tu, mas tão somente uma união sem vínculos.
Há que construir uma nova pedagogia do amor, partindo da própria pessoa e não do prazer sexual anteposto ao amor. Foi precisamente esta adulteração dos termos que nos conduziu a um consumo de sexo, o qual se afasta do sentido profundo do encontro amoroso. O partenaire nas relações sexuais não tem importância como pessoa, mas só como físico. Aquele que unicamente olha ao sexo não necessita de outra pessoa enquanto pessoa, só deseja tirar proveito dela. Esta relação converte-se em algo pobre, hedonista, egoísta... O comércio sexual indiscriminado afasta o homem da mulher, porque nele se produz um contacto superficial, trivial, débil e insignificante. Não são válidos os argumentos estatísticos de «Isto quase toda a gente o faz», «A vida hoje é assim» ou «Estes são os tempos que correm», para que duas pessoas se entreguem intimamente sem amor, porque tudo se desvirtua. Daí que aquilo que se consegue sem esforço e sem compromisso não seja apreciado, perca o seu valor e, a longo prazo, até o seu atractivo.
A sexualidade sem amor autêntico conduz a um vazio gradual que desemboca em fastio, indiferença e cepticismo, quer dizer, uma atitude descomprometida em excesso. Às vezes podemos até, graças a um espírito crítico, descobrir na sua base notas autodestrutivas."


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" Assistimos hoje em dia a uma idolatria do sexo. Os meios de comunicação e, em especial, o cinema e a televisão, serviram-no-lo de bandeja. Há sexo por todo o lado, sem afectividade nem amor, apenas como um itinerário serpenteante, divertido e turbulento, no qual se misturam valores como a conquista, a busca do prazer e o desfrutamento sem restrições. Os meios de comunicação prometem a libertação e o encontro consigo mesmo em paraísos de sensações maravilhosas: sexo sem fim, diversão, jogo caprichoso. Assim se pretende enganar e convencer o homem de que sexo e amor significam o mesmo, de que praticar o sexo é interessante, sem ser necessário propôr-se mais nada. Tudo desde um ponto de vista materialista e desumanizado.
Vivemos numa época confusa quanto a este aspecto, já que perdidos os pontos de referência, uma vez que os valores se perderam, tudo se torna relativo, descendo nós pela rampa do subjectivismo e do egocentrismo, numa palavra: egoísmo. Cada um tem um código particular de valores em que se deixa de chamar às coisas pelos seus nomes. Chega-se assim a um amor rebotalho: tudo a baixo preço, ligeiro, light, sem conteúdo, insubstancial, sem rumo; uma relação anónima, indifrente, passageira, que se leva a cabo de forma animal e primária na primeira oportunidade que surge. Numa palavra: sexualidade sem importância, sem intresse, desvalorizada, carente de autêntica intimidade, na qual não existe amor - ainda que este termo se adultere e utilize indevidamente - , mas sim encontros físicos para desfrutar reciprocamente e nos quais acontece utilização mútua. Contudo, o amor verdadeiro torna o homem mais humano, transforma o seu passado e ilumina o seu porvir; é uma síntese de ingredientes físicos, psicológicos e espirituais. Com o amor verdadeiro somos mais donos de nós mesmos, e enobrecemo-nos. É que este tem os ingredientes necessários: é exclusivo e brota de uma afinidade que se move até à eleição; e faz com que se produza uma excursão até à intimidade da outra pessoa, com tudo o que isso implica: descobri-la e tornar-se participante nos seus desejos e ilusões.
Tal como no adulto, isto também se passa com a criança e o adolescente: ambos descobrem a vida com o passar do tempo, gradualmente, acostumando-se à sua complexidade e artfícios. Quer dizer, pratica-se uma espeleologia interior ou uma descida às zonas profundas da personalidade, com o intuito de ficar agarrado a elas. Contudo, nas relações light isto não é possivel, porque não há uma pretensão de conhecer o outro; porque é transitório, epidérmico e intranscendente.
Tudo o que comporta o amor verdadeiro traduz-se num gozo interior que é promessa de futuro e necessidade de compartilhar a vida, arriscando-a. Encontra-se uma pessoa que vale a pena, uma pessoa ante a qual um alguém se detém e com a qual põe a possibilidade de iniciar um caminho. Ou dito de outro modo: Também podemos descobrir terras inexploradas e saber o que há por detrás delas. Tudo isto é a atracção, pela qual alguém se coloca na disposição de jogar tudo numa cartada. Não é algo o que vemos mas alguém interessante e valioso que provoca em nós admiração. É um achado misterioso e fascinante que, quando consigo leva tudo por diante, nos apraz recordar como um desses momentos siderais da existência. "

O homem light - Uma vida sem valores,
Enrique Rojas




Come-me á bruta!
Colheradas de mamas
Beijos socados
Dedos que rasgam e penetram
Nódoas negras de desejo
Vapores escaldantes do Inferno
Bafejados num pescoço nu
Chapadas em ondas de pele
Que pede para ser açoitada
Sumos e cheiros que escorrem
Pelos ensopados de luxuria
Ruidos de bestas que arfam
Rubores que queimam o toque
Genitais que se devoram
Que se esquecem mas comem
Violações à lá carte
Desconhecidos e saciados...
Conscientes...
Culpa...
Lágrimas...
Pára...
Ama-me á bruta...

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