quarta-feira, 31 de março de 2010

O espinhoso destino de João Balão





João Balão assim o chamavam
fruto do seu crânio peculiar
onde deveria haver osso havia lona
em lugar de um cérebro apenas ar

Contrariamente à crença dos vizinhos
que com ar muito afectado
riam nas costas de João Balão
desdenhando do seu couro abolbado
este não era nenhum cabeça de vento
pois apesar de levitar
vivia em constante tormento
por não conseguir parar de pensar

A consequência de tanta ruminação
era um sobreaquecimento do ar
gerador de tal pressão
que passava os dias a rebentar

Quando sua mãe chegava do mercado
e vendo o miúdo todo esvaziado
cozia-lhe um remendo e pelo pipo soprava O2
insuflando até não ter fôlego nos pulmões

Certo dia o nosso pequeno herói
no canto da aula a matutar
saltou da cadeira surpreso
quando viu uma nova colega entrar

De seu nome Rita Pica
também ela uma figura diferente
do seu corpo emergiam mil agulhas
distribuídas de forma incoerente

Cruzaram olhares num instante sem som
foi amor à primeira vista
ele fixado no encarnado do seu batom
ela suspensa na sua excentricidade de artista

De tão feliz o João
dava por si a não pensar
havia descoberto a solução
bastava continuar a amar

Certo dia no entanto
não mais resistindo a tal encanto
dos lábios de Rita se acercou sem cautela
ficando a pobrezinha num pranto
quando se apercebeu entretanto
que seu amor espinhoso fez o João voar pela janela

O coitado jaz agora no chão
sem tempo de aprender a lição
há que equilibrar razão e coração
sobretudo se a cabeça é um balão.



terça-feira, 16 de março de 2010

Um pouco de Psicogeografia ou Geopsicologia



Frustração é um rio que separa a margem onde estamos daquela onde queremos estar.


domingo, 14 de março de 2010

A não perder!


MONSTRA - Festival de Animação de Lisboa (10ª Edição)





Exposição de Joana Vasconcelos (Museu Berardo, CCB)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Oh Camões, vem cá a baixo ver isto Camões...



- Oi, então, que fazes?

- Epah, tou no cup, com o meu lap-top a navegar em wi-fi, à espera da aula de DISO.


Por vezes parece-me que a nossa linguagem actual se assemelha cada vez mais aos estalidos de um Bushman.
Então, imagino a poesia das nossas palavras, frágil náufraga à deriva num imenso oceano de monossílabos, estrangeirismos e logótipos vazios.