terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sensibilidade / Racionalidade


Pouco tenho escrito e a verdade é que sinto saudades de o fazer... por um lado a verdade é que só o consigo fazer quando tenho tempo para parar, observar, sentir, articular ambos e finalmente traduzir todas essas abstracções em caracteres que formarão palavras que por sua vez se unem em frases que deverei ordenar numa qualquer narrativa... por outro lado também confesso que tudo isto me surge sobretudo a partir dum estado de maior melancolia e não me é fácil observar, sentir e articular o meu interior em fases em que o exterior me toma tanto tempo... portanto, à falta dessa disponibilidade, a catarse faz-se a espaços , e sobretudo a partir de outros interiores já expressados...

Assim sendo, em época de exames e neste Inverno gelado, a catarse tem surgido em suporte digital num ritual que envolve aquecedores, edredons, pipocas e cigarros...



" What, love fades? Oh no that´s so depressing... "


Parece-me que um dos últimos resultados da leviandade com que se abordam e usam precipitadamente as palavras sem ter em conta a sua força e precisão do seu significado terá sido a generalização da ideia de oposição entre sensibilidade/racionalidade. A primeira ouço-a muitas vezes de mão dada à ideia de descontrolo e dependência emocional, proferida com um esgar de quem se refere a algum tipo de enfermidade. Quanto à segunda ouço-a como um sinónimo de frieza de emoções. Da minha parte é-me difícil compreender este encadeamento de ideias e não perceber sensibilidade como perspicácia e inteligência emocional e racionalidade como interesse e capacidade para reflectir sobre algo. De que forma Woody Allen poderia alcançar a complexidade e o carácter incisivo dos seus diálogos sem a sensibilidade suficiente para sentir e sem a racionalidade para reflectir sobre o que sente? Não compreendo como se vê uma oposição entre sensibilidade/racionalidade numa relação que me parece tão necessária e complementar a não ser que a partir de um espírito com um grande défice de ambos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Recomenda-se!



"Roses are red, violets are blue, fuck you bitch!"

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dias úteis


Dias úteis

às vezes pretextos fúteis
pra encontrar felicidade
no percurso de um só dia

Dias úteis
são tão frágeis as verdades
que se rompem com a aurora
quem as não remendaria?

Dias úteis
mesmo se a dor nos fizer frente
a alegria é de repente
transparente
quem a não receberia?

Mesmo por pretextos fúteis
a alegria é o que nos torna
os dias úteis

Dias raros
aqueles que por amparos
do bom senso e da imprudencia
fazem os prazeres do dia

Dias raros
como os ares, rarefeitos
amores mais do que perfeitos
quem os recomendaria?

Dias raros
em que os mais dados às rotinas
ouvem sinos, seguem sinas
cristalinas
quem as não perseguiria?

Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros

Por pretextos talvez fúteis
a alegria é que nos torna
os dias úteis

Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros

Por pretextos talvez fúteis
por motivos talvez claros

Dias úteis
Sérgio Godinho


Enviesamento negativo


" Uma colher de alcatrão pode estragar um barril cheio de mel, mas uma colher de mel não tem qualquer efeito num barril cheio de alcatrão. "


Antigo Provérbio Russo

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Feliz ano novo!


Adeus 2009, estivéste bem meu puto, olá 2010!



Assim de repente, julgo que a primeira e profunda mudança provocada pela transição de década ocorrerá sem dúvida na arte da montagem fotográfica digital, nomeadamente no nicho de mercado dos calendários.

Ora desde o início da era digital, apenas a partir do ano 2000 foi possível o surgimento de imagens como esta:




Foi de facto uma era dourada para os artífices digitais no que concerne à utilização da região nadegueira feminina em calendários. Esta como podem observar substituíu com competência nos últimos 10 anos os "00" de calendários espalhados um pouco por todo o lado, desde estabelecimentos de reparação de pneus às tascas mais rústicas, passando pelas barbearias mais castiças ou as muitas roullotes de bifanas e farturas que proliferam durante o ano nos estádios de futebol e pelo Verão fora nas feiras de diversões.

Indubitavelmente assistimos a uma década marcante no grafismo de calendários e deixo aqui a minha mensagem de força e solidariedade para todos esses profissionais que dificilmente poderão repetir a graça, e cujo legado poderá ser retomado apenas a partir do longínquo ano de 3000.



ps: E é com este post inaugural de 2010 que o autor deste blog demonstra que a qualidade e pertinência dos seus conteúdos continuarão a ser, e cada vez mais, os principais vértices da sua linha editorial...