domingo, 9 de novembro de 2008

And they call her "Cabra do Monte"



Bom meus amigos, certamente que um extenso rol de situações poderão ser descritas como comportando na sua essência aquilo que designa e nos faz sentir verdadeiros machos, tais como comer uma tipa de 23 anos, estudante de Teleologia e proprietária de seios com proporções bíblicas, enquanto em simultaneo as nossas mãos, cada uma com um comando, se encarregam, em dois torneios de PES disputados em duas Tv´s, de levar Benfica e Portugal às finais da Champions e do Mundial, derrotando respectivamente por 5-0 o Real Madrid e o Brasil, com cinco golos do Maestro Rui Costa em cada jogo, encontrando-se na nossa cabeça um boné com duas latas de Super-Bock cujas palhinhas incorporadas transportam em espiral a preciosa cevada em estado líquidop até a nossa boca, que por essa altura apenas profere as expressões "isto não te ensinam eles lá no teu curso pois não minha menina?!" e "Gooooooooloooooo!!!", ou mesmo conduzir uma restroescavadora por entre um monte de entulho, enquanto lemos "O Capital" de Marx ou uma Biografia de Lenine, e abocanhamos um pão de Mafra recauchutado com seis ou sete tipos diferentes de farinheiras, toucinhos e morcelas no preciso instante em que as nossas veias calafetadas de colesterol desiluidem o normal curso sanguíneo culminando num fulminante ataque cardíaco que, de preferência, deverá deixar uma viúva e uma amante em lágrimas e três ou quatro filhos e um ou dois bastardos completamente dependentes dos nossos ganhos na miséria.

Certamente estas seriam, entre outras, situações mencionadas enquanto autênticos Kilimanjaros de virilidade.

Ora ontem tive precisamente um desses dias de fazer inchar os testículos a qualquer tipo (ou testículo, se nos referir-mos ao Lance Armstrong), naquilo que foi ao longo do dia uma escalada de testosterona. Ora até de noite, nada de especial, acordei tarde, sem tempo já para almoçar, enfiei duas sandes de panrico (sim é pouco másculo, mas seria pior se não tivesse codea) e fiz-me á estrada. Umas braçadas na Piscina, uns olhares pouco discretos lançados à Prof. de Ginástica enquanto os pulmões recuperavam e fez-se hora do trabalho. Chegadas as 20h, o início do meu Kilimanjaro, guerra futebolística marcada para Santos (sim, porque há desporto e há futebol, o primeiro serve para competir e ficar em forma e o ultimo é para ganhar e arranjar picardias com desconhecidos). Do meu lado um calvo aguerrido, 2 metros de filosofia goleadora e três barbudos com o 10 nas costas, representando Grémio de Portoalegre (Tornesi), Fiorentina (moi même) e Roma (Brazuca). Do outro lado, uma equipa de branco... Tivéssem assente mais umas machadadas e a batalha de Falkirk assemelhar-se-ía ao que se passou naquele pavilhão nas 2h que se seguiram... resultado final, uma mialgia de esforço na coxa esquerda e o mais importante, uma vitória. Seguiram-se uns copos no Bairro, poucos pois o meu amigo Papa-capim tinha voo de manhã cedo para Sum Paulo, que para ele agora é como quem vai tomar um cafézinho após a refeição. Ora, uma vez que o meu carro se encontra tão saudável como as costas da minha avó, que mais se assemelham a um quadrado, e que embora já transplantado um coração novo (para o carro, não para a avó) , ainda aguarda por um pancreas (uma centralina... não faço ideia do que seja, mas o sr. mecânico diz que aquilo não pega sem uma coisa dessas), o meu amigo brasileiro, mui graciosamente, colocou o seu velho, aposentado e por todos nós muito respeitado VW Polo de 1989 à minha disposição. Eu até sabia que o carro tinha quase 20 anos, eu até sabia que ele já tinha ido daqui a Itália, agora haviam alguns detalhes dos quais não estava a par... Ora, a diferença entre uma preciosidade alemã de 89 e um carro actual, é mais ou menos a existente entre a tecnologia à disposição dos irritantes investigadores do CSI e o pobre Richard Dean Anderson, vulgo MacGyver, que se tinha de servir duma chicla e um clip para se safar de uma prisão inimiga de alta segurança. Portanto, e voltando ao VW, entrar pode ser, mas pela porta do pendura, porque entrada fácil é para os Zés Castelos Brancos ali do Chiado. Espelho do lado direito inutilizado, o que vistas bem as coisas não representa qualquer contratempo, já que condutor que é condutor não precisa olhar para um espelhinho para ver quem vem, pois tem o olfacto e audição tão apurados que já consegue só pelo som do motor e cheiro do combustivel queimado, perceber não só que na outra faixa vem um veículo, como consegue adivinhar a marca, o modelo e quilometragem do automóvel, bem como o nível socio-económico, as preferências partidárias, culturais e sexuais do condutor e inclusivé se este esconde algum cadáver na mala. Ora já depois de me habituar a que o vidro do meu lado abria mas não fechava senão com uma ajudinha, a que o pedal da embraiagem prendia amíudes vezes, a que tinha de ter em constante atenção o nível de aquecimento do motor e a ligar, quando este fosse crítico, uma patilha por baixo do volante que accionava uma ventoinha e aos 30,12% de visibilidade que o vidro da frente me permitia, já em plena A5 a caminho da 25 de Abril da volta a casa, ainda me intrigava a dificuldade que estava a ter em colocar a 5a velocidade... obviamente que a resposta do meu amigo à minha duvida foi que o carro só tinha até à 4a velocidade... bom a viagem lá se fez a 90Km/h e, exceptuando um instante em que, já perto de casa o belo do Volkswagen decide acender tudo o que é luz vermelha e simplesmente entrar em coma após a passagem do vermelho para o verde, voltando logo à vida após um electro-choque, confesso que haverão cruzeiros pelo mediterrâneo bem mais atribulados que esta viagem de Paço de Arcos ao Barreiro, embora me confesse algo titubeante quando, antes de entrar no carro, o brasileiro me disse "lição número um...". Ora, se ele me tivésse emprestado um BMW X5, ok, seria tranquilo e confortável, mas onde estaria o desafio, eu escreveria sobre o quê? Sobre a suavidade da pele dos assentos ou a ausência de nervo do motor? Sei que me senti macho quando a viagem chegou ao fim e puxei o travão de mão, dando descanso ao animal.

Ah, meu amigo barbudo de sotaque sambado, tás a ver a mala do teu clássico? Ela abría e fechava? É que hoje quando fui ao Feira-Nova descobri que já só cumpre metade dessa tarefa... bom, fechar fecha, só que não tranca... De resto, um obrigadão sincero e um grande abraço! E vou-me andando que já é hora do lanche e tenho ali um vinho de Monsaraz e umas fatias de pão com uns bons enchidos de Arganil à minha espera.


Ah e last but not least, o nome carinhoso da besta alemã, instável, resiliente e com os dias contados é: "cabra do monte"


9 comentários:

arturzinho disse...

atençao, a cabra nao é um carro, é uma experiencia de vida. assim que tu e a maquina se transformarem numa só entidade, vais sentir toda a alemanha a empurrar-te e ao carro.

andar na cabra do monte é como conduzir um tanque da II Guerra. literalmente.

qdo tiveres dominado a arte do controle sobre a cabra, aí sim és um verdadeiro homem, apto a conduzir qualquer tipo de meio de transporte, em qualquer superficie.

a gi* disse...

Eu não estou de todo nos meus dias, então sinto que fazer um comentário do teu sr testamento é muito ambicioso x)

Portanto vamos ao q interessa:

1º Aquela supra suma invensão de ideia de abastecimento constante de alcool existe mesmo? :D

2º "Ora, se ele me tivésse emprestado um BMW X5, ... ADORO! De amor fanático este carro! Então ironia do destino 1 (eu tenho a carta à três anos e n conduzo e não é por falta de carro :x lol) e ironia do destino 2, vi um dia aqui por uma das terriolas de Gaia, perto de uma igreja um jogador de futebol a sair de um X5. E qual não é o meu espanto quando entro em modo cabra e me assombra um pensamento algo assim: vamos, eu caso agora, estás no sitio certo à hora certa! Eu, tu e eleeeeeeeeeee (X5) :D Ao q o individuo sorriu e provavelmente pensou "pedofilia é crime", sim porque tinha eu aí uns 15 anos. claro q foi só por isso x) LOL

Boas histórias por aqui tuas :) *

a gi* disse...

PS1.: Esqueci-me de fechar as aspas, ao que corrijo e acrescento: "Ora, se ele me tivésse emprestado um BMW X5, ...""" PORQUE EU TENHO AVERSÃO A QUALQUER TIPO DE PLAGIO, peço perdão pelo lapso x)

PS2.: A constar pelo meu comentário e pelo acima... Qt maior o tamanho do post, maior o tamanho do comentário :p *

Anónimo disse...

Excelente post, quase que consigo voltar a sentir as dores musculares da Batalha de Santos nas pernas com o teu relato. No meio disto tudo algumas observações:

- É bom pa caraio ver a Cabra do Monte de volta em acção.
- A quantidade de fotos que temos que são em tudo iguais às do post é impressionante.
- Para quando uma noite na casa do Brasileiro com PES, estudantes de tecnologia tesudas, capacetes de cerveja e pão de mafra com enchidos?

João Santos disse...

ahah eu voto sp a favor disso! mas têm de ser estudantes de teologia ;p

Anónimo disse...

Oh pastelzinho de Tentúgal, ainda não li o post (mas vou ler!) mas só de ver a foto dá-me uma nostalgia...

Maria disse...

Mas que maravilha de post. Caro folha deixe-me que lhe diga que os seus dotes literários fascinam-me. Principalmente o dom de conseguir dizer as coisas no mais número de frases possíveis.

Em jeito de conclusão, também tenho saudades da cabra e seria um prazer para mim andar naquele grande tanque com um português de alma e sangue a conduzi-lo.

Para quando combinamos isso?


Abraço

Piero

PS: Não é a querer colar-me mas tb gostava de estar presente no torneio de PES com estudantes de teologia (da católica de preferência) incluídas. Posso?

João Santos disse...

Ora caro Pintém/Vintero, sua exa. é por demais gentil ;)

De resto gostei muito do "também tenho saudades da cabra", sobretudo porque imagino o que quem não está contextualizado irá pensar ahah

Quanto a esse rendez vous de vinho, estudantes de teologia e prazeres virtuais a acontecer em breve na casa do veado que agora tem a mania que voa (mas que é o melhor amigo do muuuuundo), o digníssimo não só está convocado como terá a seu cargo interpretar para as inocentes teólogas a versão porno do Sermão do Padre António Vieira aos Peixes, com o título de " O Sermão do Padre António Vintém às peixaxas " (esta parte não é para as meninas verem... se por acaso virem deixem que vos explique que peixaxa é uma antiga expressão fenícia que significa " aquela cuja candura faz chorar um bezerrinho ".

B.A.B.E. disse...

ai a cabra...

nunca me hei de esquecer daquele puxador da porta que se enamorou pela mão de Joana Prates!

que postalhaço!!
:)